第4章 ?lvares de Azevedo(1831—1852)
阿尔瓦雷斯·德·阿泽韦杜,巴西第二代浪漫主义代表诗人、作家及短篇小说家。1831年出生于巴西圣保罗市,两岁时随家人移居至里约热内卢市,17岁时独自回到圣保罗攻读法律专业。大学时期,创办了期刊《圣保罗哲学随笔学会》,翻译了拜伦、莎士比亚等文学大家的一系列作品并致力于诗歌创作。诗人不再注重第一代浪漫主义作家所推崇的民族主义,而是沉浸在描绘自己的内心世界中,也被誉为“疑惑诗人”。诗歌中所流露出的悲伤和孤独的情绪实则是对远在里约热内卢的家人的思念之情。20岁时不幸身染肺结核,与世长辞。
Meu Desejo
Meu desejo?era ser a luva branca
Que essa tua gentil mãozinha aperta:
A camélia que murcha no teu seio,
O anjo que por te ver do céu deserta……
Meu desejo?era ser o sapatinho
Que teu mimoso pé no baile encerra……
A esperança que sonhas no futuro,
As saudades que tens aqui na terra……
Meu desejo?era ser o cortinado
Que não conta os mistérios do teu leito;
Era de teu colar de negra seda
Ser a cruz com que dormes sobre o peito.
Meu desejo?era ser o teu espelho
Que mais bela te vê quando deslaças
Do baile as roupas de escomilha e flores
E mira-te amoroso as nuas graças!
Meu desejo?era ser desse teu leito
De cambraia o lençol, o travesseiro
Com que velas o seio, onde repousas,
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro……
Meu desejo?era ser a voz da terra
Que da estrela do céu ouvisse amor!
Ser o amante que sonhas, que desejas
Nas cismas encantadas de languor!
Adeus, Meus Sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo!votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto……
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?!……morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
Se Eu Morresse Amanhã
Se eu morresse amanhã,viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol!que céu azul!que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã……
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!